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quinta-feira, 19 de novembro de 2009


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No tempo em que se desconhecia

o perigo de soltar balões:

formigas esticavam o horizonte em fila

a rua em pernas fazia o mundo

quarteirão era país

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gente subia ao mercado comprar mistura

tinha surra merecida de traquinagem

tinha trecos que pensavam coisas

e coisas que a gente nem sabia -

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ontem, nem sabia como virar trecos em coisas:

as esquinas se desdobram infinitas até o inicio -

a gente anda e anda:

uma fila de pessoas não alarga a paisagem

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tinha uns muros intransponíveis e pernas possíveis

do tempo em que terrenos baldios

serviam pra soltar balões



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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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De quando a noite caísse ou
o livro de Maria.


Guardar-te como a menina dos meus olhos,

- só pra não deixar o mato crescer no terreno baldio,

a gente mesmo sabe os desvãos


lá,
eu tinha aquele estatuto de bastar


enquanto eu era uma pessoa espessa
de caladas
de canto de olho
de boca cheia de dentes


Maria dança em roda da lua
de narizes dados comigo

e mãos procuras.


A gente não estava nada não

dava vontade de entrar no vazio -


Maria e eu

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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Parece que é preciso recomeçar por desmoroneos:


o caos na boca


e o corpo no abandono.

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

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A palavra exatamente

para despir Maria

não seria um verbo

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Não seria exatamente

maria

se fosse só movimento

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Não.

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ontem maria não me disse,

foi eu quem inventei

- tem calma!

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mas maria é meu país

ainda que solilóquio.





terça-feira, 24 de março de 2009


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O primeiro cemitério que conheci

foi a saudade.


Mas o morto e a dor daquele morto
não eram meus.

Em casa como costume:
não se pisa com mesma sola
de pés de cemitério


Minha avó com intimidade
Chama – o só de
Saudade

Despede-se do morto
Como num rito
- eu ainda estou aqui.

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Máquina de escrever Maria.
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Maria nasce quando a noite cai,
quando cai o corpo nas profundezas de si -
ruminando maravilhas
quedas em tristes fins



É sempre em tê-la por perto
Intocável atrás das pálpebras.


Têm em Maria todas
As cores que escreveria.


A máquina que criou Maria
Não tem tempo nem forma:


é uma borra.

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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

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uma associação gasta
inventou um poeta

joão de barros -
empréstimo de assobio
de pássaro
e poeta construtor de vazios
encantados



joão nasceu da costela
da língua da moça
que juntou os cantos.



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