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sábado, 16 de dezembro de 2006

Poema da Menina de meus olhos.


perco pedaços de palavras
entre cervejas

amendoins
e anedotas


anotar o mundo:

poema
da menina
do meu olho:


inquieto.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

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Inventava:


um
quinto
olho.


te ver



inclusive de rabo de olho
disfarçado em distração.


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sábado, 28 de outubro de 2006

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Mais bonito


O dia bonito
da janela:
um urubu
que
também
aprecia
o dia:
VEJO.

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terça-feira, 24 de outubro de 2006

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II.


Brincava de carrinho
feito os moleques da rua
era moleque da rua.

A gente inventava um mundo todo
feito a giz de construção:

infinitas ruas
entrecruzadas
que davam no começo
das histórias


Havia sujeira no fundo das unhas:
era tudo relevo de imaginação

A gente se pegava em frio-na-espinha:
de cachorro sem dono e cachorro bravo
de bêbado
de surra de mãe

do olhar debaixo de criança
Que acha importância
em cavar o barro
e desvendar os insetos escondidos
do quintal:
e fazer coleções

tenho semelhança
aos vadios
nas ausências

e as formigas.

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terça-feira, 17 de outubro de 2006

Condicional


Borboletas te atravessam
pela raridade:

o canto branco

do teu olho:

e o triste também.

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sábado, 23 de setembro de 2006


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Lugares comuns




acordo com algo entre
ressaca e angústia
dessas que uma coca-cola
resolve


Tenho a língua caduca
de sentir:


e de voltar sempre.
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quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Sinonímia

belezuras te digo:

e a insistência
em perder os sentidos
das palavras
das coisas nomeadas:
os sentidos

remover todos
e
embeber-me
mudo
no
fundo
do teu olho.

ah!
e o teu pescoço.
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segunda-feira, 11 de setembro de 2006

3.
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transformo coisas:
a gente se sabe do olho
e das pontas dos dedos
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domingo, 27 de agosto de 2006

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4.

Iracema trajava ausência:
Passou a mão em meu rosto
dois passos
hesitei


parou.
estendeu o braço e disse:
- vem

Baixei os olhos,
Fechou-se
Iracema veio a mim.
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terça-feira, 8 de agosto de 2006

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

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daquela conversa
os insetos
saem dos silêncios


é preciso saber com os olhos
que não estão na cara.


e dos movimentos
quando saímos do
silêncio.

mesmo dos olhos
que não estão em parte
alguma.
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sábado, 15 de julho de 2006

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Encanto.

Penso, em vão, em poesia
quando tento
dizer-te:

Penso
nos volumes


em colocar-te
bolinhas negras
pelo corpo

Cabelos amarelos.

te desconheço tanto
que lhe colocaria
tufos de cabelo

e botas

você pisaria em besouros

e eu seria carregado
por borboletas.

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Percorro os cantos com os olhos:

uma teia
tecida
parece morta.



A parede tem um branco sujo.


Há uma traça também ali,
desconhece o meu olhar.


Chego ao limite do canto:


O poema não veio.

terça-feira, 23 de maio de 2006

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3.

Achei Iracema triste:
Fiz mito fechado em mim
Calei.

O dia amanheceu cinza
pela rua a garoa caida não me tocava.
Iracema veio a mim.
Cabelos molhados

Úmido como o dia que não passa,
Iracema olhou pra mim
Fechou-se.


Há alguma completude em Iracema.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

xxx.


O gesto espreita o tempo:



fecho os olhos,
reconstruo.


reconstruir em silêncio
é
desfragmentar
o tempo.


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terça-feira, 16 de maio de 2006


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Comi algumas quadras com os olhos. O cachorro sob o sol deitado dormia semimorto. Perdi as palavras entre passos e o fio do andamento das coisas em que pensava. No meio fio um acumulo de folhas secas da entre estação, desisti de saber a seqüência das coisas, gosto das goladas que engasgam. De pensar nesses pormenores: determinismos plásticos e adjetivos. Perde-se tempo. Melhor seria, despir-se dos outros.
Os carros formavam grande fila com o sinal fechado, incorreu passar por entre eles - sinfonia metálica - dentro passageiros e motoristas vestidos de ferro. A vida transparece em movimento caótico, mesmo que digam o contrario ou que calem. Calar: grande exercício subjetivo. Pensei em escrever.

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terça-feira, 9 de maio de 2006

a beira do lapso.


quando mexe
assim
a
cabeça
e os
cabelos
do
rosto
distrai.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Desespero:
na palavra
abrigo,

espero.

a palavra
espero
abarca
a palavra
antes
e o
poema.

terça-feira, 21 de março de 2006

Dissoluções do como.


1.


Há impossibilidades
em se escrever poesia
num papel pautado.

2.

da infância retirar
as reminiscências do presente
amplificadas:
ver quantas novas camadas
se coloca sobre os primeiros por quês

3.

Transformar uma trilha
De formigas pretas
em poesia:
de uma vez só.
Enquanto os olhos
espreitam moscas
que pousam no varal.

4.

Há certo ritmo nos pingos
da torneira que vaza:
entremeiam as vozes
em neutralidade,
moscas adentram a cozinha:
- perto, talvez, uma chuva.



5.

Café:
A chuva passada
Reuni na cozinha,
Intermitentes: vozes e pingos
mortos e histórias da infância.

6.

Nem tudo é divisível
Bom
e natural
nem poesia.

7.

Hoje estou para líquidos.

sexta-feira, 3 de março de 2006

Copos vazios sobre a mesa de bar


Risadas descompassadas furtam os olhares distantes
a iminente procura transparece pela oleosidade porosa da face.
Olhares ambíguos
Mãos inquietas,
que procuram encontrar sentido nos movimentos



As guimbas ainda exalam nicotina na mesa,
a fumaça finalmente alcança o seu fim,
o dono do bar já observa o batente da porta



Os corpos lascivos a muito já se foram
e são muitos os corpos vazios
sobre as mesas do bar.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

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Ainda sinto que a perco:
cada vez que recupero
a visão, depois de tê-la
silenciado:

de negá-la.
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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006
















xxx.

fumaria um cigarro se tivesse um:
a poesia vem de todas as formas


até de negá-la:


um café
uma cerveja

e a firmeza da paisagem
de quando é olhada
por uma mesma janela.

terça-feira, 31 de janeiro de 2006


choveu:
o metrô parado
fazia o atraso e
as pessoas nas
escadas rolantes
desciam como
em cascatas
de cores

mas, era tudo tão
superficial.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006



Poema esquecido.

o poema passado:

Absortos:
esqueceram-se
os sentidos
de abordá-lo
e transformá-lo
em palavras.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

...


Sem assunto sento:

a rua parece me seguir em curvas
Paro.
E
sentado sigo com os olhos as curvas.

Passam:

cores sem sentido
glosas do re-dito.



em círculos.