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terça-feira, 17 de maio de 2005

Acabar com as unhas e sangrar os dedos.

Encontrar apoio no desconforto causado pelo Mundo e esgueirar-se pôr dentro, tentando sair e continuando preso. Correndo, pensa.
5 horas, batia o cartão, almoçou não, sem tempo, impostando a renda. Contador, sua profissão...Costuma deixar as coisas assim mesmo, de como eram quando veio ao mundo.Veste a roupa, outra vez atrasado, perder o emprego, e como ler um mundo sem ele. Seu pai lhe dizia, quando pequeno - o que mesmo? Não lembra.
Quando criança gostava de sentir o vento batendo no rosto, a mãe dizia brisa.A mãe fazia doce, acariciava sua face antes de dormir.
Desperta - na privada- a calça arriada. Que dia é hoje, se pergunta.Chacoalha a cabeça, levanta, 2 horas da tarde, domingo. Bebeu demais na noite anterior.Ainda bêbado, o efeito do álcool parece não terminar, sente os móveis girando, em decúbito dorsal cai sobre o sofá.
Bateu o cartão, em atino sai do prédio, entra no ônibus.Em atino sai do ônibus.
Corre.
E correndo os vultos do que vê: imagem verossímil do Mundo.