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domingo, 19 de dezembro de 2010

Para a moça que esqueceu seus óculos de poesia no ônibus lotado








Senta,

tem coisas pelas pálpebras e pêlos

teus e dos outros

que ainda não sabem sê-las -

se repetem

repara:

seus olhos atrás das pálpebras

onde a palavra é gorda de poesia

e se esconde.

é que poesia vem de quando existe

um azul que não tem nome de cor

de quando o verbo tem o erro da falação

de criança que gosta de ver com os olhos:

do bolso furado

das coisas sarjetas

e das querências –

poesia vem de verbo narrado

em ônibus lotado –

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