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O menino tira da caixinha as coisas obsoletas:
Luneta de ver de onde vem formiga;
Cheiro de coisa que não tem nome;
Pedaço de pensamento de reinação;
Três luvas de tocar as estrelas do céu da boca;
Dois mantos de abelhas amargas, que servem
para cobrir o mar.
Punhado de palavras que fogem da fala;
E pedaços de olhares desviados;
O menino dessas desimportâncias
quer retirar o sentido,
e ver se isso funciona para versos,
ou mesmo cantigas.
O menino acha que o desuso
é fabrica para versos:
como o silêncio
O menino sem saber
inventou uma máquina
de desdizer as coisas:
e repeti-las.
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