sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
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A mãe conta pro menino:
- do barro é que viemos
pensando melhor,
o menino acredita
mais na varinha
que finge de condão
um galho.
O menino toca
os bonecos
feitos de barro:
E disse Deus: Haja luz;
e houve luz.
No meio,
perto da costela
que fez as mulheres
secos,
os bonecos
desmancham-se
Parece que os insetos
(esmagados)
mais resistentes ao sol
temem a magia:
conclui o menino.
E a terra era sem forma e vazia;
e havia trevas sobre
a face do abismo;
e o Espírito de Deus se movia
sobre a face das águas.
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terça-feira, 20 de novembro de 2007
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
terça-feira, 23 de outubro de 2007
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O menino tira da caixinha as coisas obsoletas:
Luneta de ver de onde vem formiga;
Cheiro de coisa que não tem nome;
Pedaço de pensamento de reinação;
Três luvas de tocar as estrelas do céu da boca;
Dois mantos de abelhas amargas, que servem
para cobrir o mar.
Punhado de palavras que fogem da fala;
E pedaços de olhares desviados;
O menino dessas desimportâncias
quer retirar o sentido,
e ver se isso funciona para versos,
ou mesmo cantigas.
O menino acha que o desuso
é fabrica para versos:
como o silêncio
O menino sem saber
inventou uma máquina
de desdizer as coisas:
e repeti-las.
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segunda-feira, 22 de outubro de 2007
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
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I.
Num dia, céu estrelado, uma mulher deu a luz a uma criança morta. Desesperada, largou a criança na sarjeta. Refletidas na água, as estrelas deram luz a criança, que desde então irradia semelhante brilho. Nédio cresceu esquerdo, enquanto o mundo era para “os pontas direita”, pensava que o mundo era penso e, às vezes, ficava horas fazendo força para endireitá-lo, cansado dormia. Sonhava com um mundo ambidestro. Perguntava ao papagaio e esse respondia perguntando, perdia horas tentando dissuadir o bicho. Refletida no espelho sua imagem era um flash estourado.
II.
Num lago, olhando os peixes, procurava sobre a face da água reconhecer um rosto, talvez o seu, ou um que lhe caiba nos sonhos.Desistia com certo tempo, olhava os peixes que estranhamente se mostravam para ele. Um dia sonhou em ser peixe, olhava no espelho e tinha cara de peixe, entardecido o dia, acordava, corria ao espelho e não era peixe, nem nada. Diziam que era especial. Horas pensando achava a palavra especial ruim, depois de muito refletindo, preferia – igual ou especifico. Estranho pensar especial, perto de tudo tão semelhante.
Gostava de palavras. Aprendida uma nova, repetia, repetia e repetia, até a palavra achar sentido nas coisas do seu mundo, quando essa se encaixava em algo, se satisfazia, olhava para a coisa, reinventava o mundo.
Nédio era um vaga-lume quando apagavam o sol, andava pelas ruas seguido por algumas crianças, sentava e contava histórias de peixes voadores, peixes-homem, peixes e peixes-galinha, peixes vendados, peixes que falam e em especial de peixes-vaga-lumes-florescentes.
Peixe-vuava, cansado de ser pássaro, resolveu ser só peixe, deixou-se cair, virou só peixe no lago, as assas soltas no ar, caíram na terra, veio a chuva e plantou, nasceu só pássaro. Peixe-tagarela era cantor, apaixonado e não
correspondido, ficou quieto, entrou no mar - o barulho do mar é seu murmúrio de coração partido e o sal vem de suas lágrimas. O peixe-homem, cansado de ser duplo, escolheu ser só homem. Agora esquecida a parte peixe, o homem só faz outro homem e come peixe.
III.
Uma estrela cadente. Nédio subiu aos céus, foi consumido por não conseguir ser nem homem nem peixe, triste á esquerda, arranca pedaços do próprio corpo e atira para a Terra. Com alguma sorte é possível ver um pedaço que cai, não chega a tocar o solo e se desfaz na escuridão. E a noite continua acendendo vaga-lumes.
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quinta-feira, 27 de setembro de 2007
terça-feira, 11 de setembro de 2007
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
sexta-feira, 18 de maio de 2007
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do buraco invisível
feito no escuro do quarto
Sai uma luzinha.
Contava que não acreditariam
que toda a noite
vagalumes
e uma infinidade de
cores
em feixes de luz
pulavam de lá
pintou de azul,
falta fazia o lápis preto
perdido
no escuro do fundo do armário:
camuflado
de grande:
não sabia se inventava
ou tinha mesmo a luzinha lá
e todos as histórias que lembra
acaba de contar pela primeira vez.
de vezes repetidas
não se separam
a invenção
e a invenção.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
segunda-feira, 2 de abril de 2007
quinta-feira, 29 de março de 2007
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
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III.
passarinho lá em casa
come de manso na cozinha
os grãos caidos
gente migra
pro cinza
todos os dias pela manhã:
e volta
minha avó
canta
ladainhas de felicidade
fazendo a comida
ontem
tinha um formigão
na parede da sala
criança agora ri
e encanta
os olhos
do meu avô
e na calçada da vizinha
guerra de goiaba
bichada:
lá a vida em preto e branco
é colorida.
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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
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Iracema
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Achei Iracema triste:
Fiz mito fechado em mim
Calei.
O dia amanheceu cinza
Pela rua a garoa não me tocava
Iracema veio a mim
Cabelos molhados
Úmido como o dia que não passa,
Iracema olhou pra mim
Fechou-se
Há alguma completude em Iracema.
...
Iracema trajava ausência:
Passou a mão em meu rosto
dois passos
hesitei
parou.
estendeu o braço e disse:
- vem
Baixei os olhos,
Fechou-se
Iracema veio a mim.
...
A brisa em sou rosto
cabelos ao vento
Iracema insistiu e disse:
Vem
Hesitei
Fechou-se
Iracema está de costas pra mim
Eu disse veja
Olhou
Queixou-se com o rosto como quem diz:
Eu sei
...
Insiste e indaga com o olhar
Iracema está ali
Finjo ser sem sentido
Iracema vê em mim
Hesito com o olhar distante,
Iracema está em mim
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