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terça-feira, 21 de março de 2006

Dissoluções do como.


1.


Há impossibilidades
em se escrever poesia
num papel pautado.

2.

da infância retirar
as reminiscências do presente
amplificadas:
ver quantas novas camadas
se coloca sobre os primeiros por quês

3.

Transformar uma trilha
De formigas pretas
em poesia:
de uma vez só.
Enquanto os olhos
espreitam moscas
que pousam no varal.

4.

Há certo ritmo nos pingos
da torneira que vaza:
entremeiam as vozes
em neutralidade,
moscas adentram a cozinha:
- perto, talvez, uma chuva.



5.

Café:
A chuva passada
Reuni na cozinha,
Intermitentes: vozes e pingos
mortos e histórias da infância.

6.

Nem tudo é divisível
Bom
e natural
nem poesia.

7.

Hoje estou para líquidos.

sexta-feira, 3 de março de 2006

Copos vazios sobre a mesa de bar


Risadas descompassadas furtam os olhares distantes
a iminente procura transparece pela oleosidade porosa da face.
Olhares ambíguos
Mãos inquietas,
que procuram encontrar sentido nos movimentos



As guimbas ainda exalam nicotina na mesa,
a fumaça finalmente alcança o seu fim,
o dono do bar já observa o batente da porta



Os corpos lascivos a muito já se foram
e são muitos os corpos vazios
sobre as mesas do bar.